MEU JEITO DE SER
Sei o quanto me olhas e nada ver
Isto porque não consegue me entender
Sou diferente: meio bicho meio gente...
Estranho esse meu jeito louco de ser.
Sou rica de carências e tenho muita fome
Preciso viver, respirar e me abastecer...
Mas não engulo verdades prontas feito pão
Meu cérebro carece digerir, triturar, moer.
Se por acaso as engulo a seco, rumino
Feito animal bruto, cru, ruminante...
Depois de remoídas as devolvo ao mundo
Jogadas bem do alto de um mirante.
Para aplainarem aos quatro ventos gritantes
E alguns olhos cegos abrirem e fazer enxergar
Fagulhas de vida a olhos nus e próprios...
Mostrando-lhes a possibilidade de sonhar.
Ah, como desejo ser compreendida por alguém
Mas sei isso ser coisa definitivamente incerta...
Sigo os trilhos do meu caminho sempre só
Talvez por ter em mim um eu desvairado de poeta.
Amo quando pareço odiar e me dou ao me negar
Sinto ao aparentar frieza e choro por trás do riso
Esse é meu jeito estúpido de ser e tentar viver
É assim que sei amar você, meu céu e paraíso.