A POESIA DA VERDADE
Quando os pulsos de um poeta são cortados, eis que vertem lágrimas;
E sobre o chão se esparramam páginas, sonetos perdidos ao vento;
Valsas dançadas em par com o sofrimento, forças vendidas como inválidas;
Sob as suas sandálias, poeiras que matam a fome de seu lamento!
Seriam mentiras todas as dores que ele proclama?
Será que de fato não reclama e que em meio à solidão seu grito não ecoa?
Se a poesia não voa, difícil tecer explicações ao vigor de suas chamas;
Que vulgariza as damas, que tornam amargas todas as águas boas!
Poetas não mentem, porque poetas não têm limites e fronteiras;
Não se acham pelas feiras as entrelinhas de suas vírgulas e reticências;
São ricos de carências, são reinos congelados por suas fogueiras;
Todas as poesias são verdadeiras, tal como todas as dores são evidências!