A POESIA DA VERDADE

Quando os pulsos de um poeta são cortados, eis que vertem lágrimas;

E sobre o chão se esparramam páginas, sonetos perdidos ao vento;

Valsas dançadas em par com o sofrimento, forças vendidas como inválidas;

Sob as suas sandálias, poeiras que matam a fome de seu lamento!

Seriam mentiras todas as dores que ele proclama?

Será que de fato não reclama e que em meio à solidão seu grito não ecoa?

Se a poesia não voa, difícil tecer explicações ao vigor de suas chamas;

Que vulgariza as damas, que tornam amargas todas as águas boas!

Poetas não mentem, porque poetas não têm limites e fronteiras;

Não se acham pelas feiras as entrelinhas de suas vírgulas e reticências;

São ricos de carências, são reinos congelados por suas fogueiras;

Todas as poesias são verdadeiras, tal como todas as dores são evidências!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 20/08/2008
Reeditado em 20/08/2008
Código do texto: T1137541
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