Inessencial

sinto um clarão

que me cega

à luz

da vida opaca

que procuro não levar

quero distância de mim

hoje

quero-me apenas

longe

no interstício daquilo que se foi

ou está para nascer

lucidez insana

a embalar-me

no vácuo das idéias

quero um papel repleto de versos

feios

estranhos

que incomodem a cegueira de quem vê...

um espelho distante do abismo

eu não vejo

tampouco sei

se vale a pena

continuar

em poética desvairada

inútil

estranho ritual

Inessencialidades me constituem

como existente inviável.

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 11/08/2008
Reeditado em 20/04/2009
Código do texto: T1123505
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