O TEATRO DO MUNDO: entre máscaras e fardos
O TEATRO DO MUNDO: entre máscaras e fardos
Juliana S. Valis
O mundo é uma seqüência disforme de representações
No teatro imundo das aparências materiais;
E, pouco a pouco, tantos corações
Que choravam, já não sentem mais
O sentido da vida nessas dimensões,
Onde sobra dúvida, onde falta paz,
Na tristeza imensa dessas multidões
Que vivem no caos das falhas sociais...
E quando o tempo mostra a estupidez
Do mundo injusto que nos fere a mente,
Toda máscara cai de uma só vez,
Toda injustiça se torna incongruente,
Como um fardo que amedronta a altivez
Dos que têm tudo, e nada fazem pela gente !
Céus, quanto mais se vê na estrada
Tantos véus obscuros de ganância,
Mais apuros o povo sofre na jornada,
Enquanto a "elite", na fartura, vive e dança,
A maioria sobrevive nesse "nada",
Que o capitalismo brada, em vícios de uma lança...
E se lhe alcança sensibilidade nessa vida,
Veja quantos sofrem na imundície desse mundo !
Nesse palco giratório, onde há saída ?
Muitos vivem de aparência, mas no fundo,
São personagens de uma peça dirigida
Pelas injustiças do capital mais infecundo.
----
OBS.: A vida DEVERIA SER um palco muito bem decorado, com igualdade de condições; mas os "arquitetos do mundo" nem sempre fazem essa caridade, muito menos de graça. Para entender melhor essa metáfora: trata-se da problemática questão entre os fatos, como eles são, e a vida ideal, como ela deveria ser.