Ansiedade

Lanço sobre o horizonte um olhar profundo

dando evasão a quimera de alcançar o futuro,

o olhar tanto anda, dá volta em meio mundo,

dói-me a vista ir tão longe, mal que não me curo.

Infeliz é essa ânsia que me devora

de impaciência me faltar e almejar imediatismo,

a ponto de querer avistar tudo agora

e me poupar da rotina que me prende ao comodismo.

Pessoas aconselham-me em tons serenos e leves:

“Tende paciência tudo há de passar,

o tempo sempre é demasiado breve

acomoda-te um pouco, põe-te a esperar.”

Mas tanto usufruí de minha paciência,

que resta-me pouco, duas gotas dum frasco,

ainda há acusações da consciência

remetendo à espera sentimento de asco.

Então aborda-me uma querência exasperada,

me deparo com o pouco tempo que me insiste,

é uma vontade de saber o que há de vir, mais nada,

mas vem-me conformações sobre o que agora existe.

Seria-me errado querer observar o futuro almejado?

Tanto sonhei fatos dele no passado,

há de me ser confortante saber seu andamento,

especular um pouco, que seja, traria-me alento.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 30/07/2008
Reeditado em 30/07/2008
Código do texto: T1104718