ÀS VEZES

Às vezes debruçado na janela da vida

apoio sobre o peitoril meus braços.

Rosto entre as mãos, olhar vazio,

vejo o inexorável tempo que passa.

É verão , o sol causticante,

transforma o verde de meu jardim

em folhas secas, desbotadas, pálidas, indefesas,

presas fáceis do vento que as fazem bailar

ao sabor de seu bel prazer.

O ar é pesado, sufocante, extenuante.

Crianças brincam, riem, choram

indiferentes aos rostos contraídos que passam apressados.

Crianças...esperança de uma nova aurora.

E penso: Acho que estou sozinho.

Será ! daí, lembro-me de minhas amigas (os) virtuais.

Palavra que soa estranha; VIRTUAL.

Lembro-me então da amiga

que confeitou um bolo,

e literalmente só, frente a telinha do micro,

viu desfilar as letrinhas, que misturadas as suas lágrimas

diziam...Parabéns!

Computador, ou seria: COMPUTA-DOR.

Simplesmente aquele que calcula.

Acho que encontrei a conotação exata,

realmente , ele calcula toda a extensão da dor da solidão.

Máquina fria, sem alma, sem vida.

Lembro-me de minha infância querida

Das meninas brincando de roda

Num canto sublime de amor , alegria e ternura.

Revejo o brilho no olhar, o sorriso de felicidade,

da menina simples, sem artifícios, pura,

ao receber de presente de aniversário

Um singelo copo florido ou apenas uma caixinha de sabonetes.

As crianças ao redor da mesa

cantando a pleno pulmões

Um parabéns, humanizado, sincero, imaculado.

Olhar fixo no bolo sem confeitos,

e no manjar seu fiel companheiro.

E lamento: pobre geração micro, não sabem o que perderam.

Micro - vida

Micro - afeição

Micro - companheirismo

Micro - Integração

Micro - solidariedade

Micro - calor humano

Micro - amor.

E continuando a refletir, volto ao virtual e me pergunto, porque será

que me soa tão mal essa palavra, preciso conhecer melhor o seu

sentido. Folheio o velho e bom amigo dicionário e lá esta :

VIRTUAL;

Que existe como potência ou faculdade , não como realização ou ato.

Que tem existência aparente, não objetiva.

Foco de uma lente ou espelho , determinado pelo encontro dos

prolongamentos de raios luminosos.

Concluo que estava certo, na verdade é uma utopia, fantasia,

fábula, sonho , ou quase nada.

Olho para o computador que inerte me observa e digo-lhe:

Você é uma maquina de sonhos e pesadelos. Por suas "salas"

desfilam vaidades e quimeras. Você me faz conhecer pessoas as

quais sequer ouço suas vozes, elas entram em minha vida e depois

vão embora até mesmo sem me dizer adeus.

E exaltado exclamo: Por isso é que você e apenas um MICRO!!!

Depois me recomponho, olho para o céu e rogo:

Meus Deus , quero de volta minha vida,

Ser feliz do jeito que eu era,

No tempo em que as pessoas se amavam de verdade,

E A POESIA COLORIA A PRIMAVERA.

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FalcaoSR
Enviado por FalcaoSR em 13/04/2005
Reeditado em 09/04/2010
Código do texto: T11039
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