Ofício de poeta
Tanto me pergunto:
“Por que não contenho minhas palavras?”
Penso tanto... Escrevo muito.
Por que não poupá-las?
As ponho à vista e então,
tornam-se alheias, são criticadas...
Quando as exponho, parece que as dôo,
já não são minhas, são de quem as lêem por aí!
E há tantos que ousam,
e como ousam,
em menoscabá-las, menosprezá-las,
já outros sentem que as proferiram, parecem amá-las!
Uns lêem e se aborrecem,
outros se compadecem,
outros padecem para entendê-las,
outros facilmente parecem percebê-las.
E lá se vão elas,
meio mundo a fora,
poucos as lêem
mas eu as forneço...
E como se fossem um pedaço de mim,
dói desfazer-me delas,
ainda mais quando sabes que ofereces por aí,
um pedaço de ti que talvez não mandem de volta.
Mas são minhas as palavras!
Não sinto em doá-las para quem é pobre delas,
não é caridade, mal é generosidade...
É apenas ofício de poeta!