Ofício de poeta

Tanto me pergunto:

“Por que não contenho minhas palavras?”

Penso tanto... Escrevo muito.

Por que não poupá-las?

As ponho à vista e então,

tornam-se alheias, são criticadas...

Quando as exponho, parece que as dôo,

já não são minhas, são de quem as lêem por aí!

E há tantos que ousam,

e como ousam,

em menoscabá-las, menosprezá-las,

já outros sentem que as proferiram, parecem amá-las!

Uns lêem e se aborrecem,

outros se compadecem,

outros padecem para entendê-las,

outros facilmente parecem percebê-las.

E lá se vão elas,

meio mundo a fora,

poucos as lêem

mas eu as forneço...

E como se fossem um pedaço de mim,

dói desfazer-me delas,

ainda mais quando sabes que ofereces por aí,

um pedaço de ti que talvez não mandem de volta.

Mas são minhas as palavras!

Não sinto em doá-las para quem é pobre delas,

não é caridade, mal é generosidade...

É apenas ofício de poeta!

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 28/07/2008
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