DOENÇA DE POETA

A minha letra resolveu me entregar e revelar o meu apego pelo gênero;

Que não é desses lampejos efêmeros, ou dessas embarcações de tímidas velas;

Meu preferir é mesmo por elas, porque seu existir tenho como prêmio;

E atribúo ao mais perfeito engenho, esse encantador desenho arrancado de minhas costelas!

Admito que nelas se encontram e se enamoram, meu animal com meus neurônios;

Me torno rei de proibidos sonhos, lhes dou o trono de minha realidade;

Estranho mas é verdade, em seus quadris me fervilham os hormônios;

São seus feromônios que fabricam toda minha incontinente vontade!

E se me vejo um viciado confesso, tratamento é que não peço;

Nem limites eu meço, para dar vazão a tamanha transbordação;

Se me estremecem de paixão, se encarnam a tantos de meus versos;

Abdico de rumos inversos, pois meu destino já me apontou a direção!

Se é virus de poeta, doença de letrista, eu pouco sei;

Até já meditei nas lidas de outros tantos, tal como eu nesse gostar;

Pago o preço que tiver de pagar, mas a patologia pelo menos não neguei;

Se tive tantas ou se inúmeras ainda hei, fato é que nem desejo me curar!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 26/07/2008
Código do texto: T1098504
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