DOENÇA DE POETA
A minha letra resolveu me entregar e revelar o meu apego pelo gênero;
Que não é desses lampejos efêmeros, ou dessas embarcações de tímidas velas;
Meu preferir é mesmo por elas, porque seu existir tenho como prêmio;
E atribúo ao mais perfeito engenho, esse encantador desenho arrancado de minhas costelas!
Admito que nelas se encontram e se enamoram, meu animal com meus neurônios;
Me torno rei de proibidos sonhos, lhes dou o trono de minha realidade;
Estranho mas é verdade, em seus quadris me fervilham os hormônios;
São seus feromônios que fabricam toda minha incontinente vontade!
E se me vejo um viciado confesso, tratamento é que não peço;
Nem limites eu meço, para dar vazão a tamanha transbordação;
Se me estremecem de paixão, se encarnam a tantos de meus versos;
Abdico de rumos inversos, pois meu destino já me apontou a direção!
Se é virus de poeta, doença de letrista, eu pouco sei;
Até já meditei nas lidas de outros tantos, tal como eu nesse gostar;
Pago o preço que tiver de pagar, mas a patologia pelo menos não neguei;
Se tive tantas ou se inúmeras ainda hei, fato é que nem desejo me curar!