A chuva

Quando eu chorei, choveu...

E percebi-me tão convalescente!

Pois pareceu-me um ato iminente

de solidariedade quanto as minhas lágrimas.

E era tanta água,

que embaçou-me a janela.

E pus-me a pensar em quanta mágoa

uns tem por aí mais do que eu,

e embaçam a vista, tamanho o pranto.

E eu tola me lamentando,

enquanto embaçava-me somente a janela!

Enxuguei minhas poucas lágrimas

logo que a chuva cessou,

como se fosse um ato natural,

tal como o seu declinar que findou.

Senti-me lisonjeada quanto as gotículas daquele dia,

que caíram do céu com tamanha harmonia,

para acompanharem minhas lágrimas,

pois permitiram-me a rica analogia

de que realmente tudo passa,

se vai com as lágrimas todas as lástimas.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 24/07/2008
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