Versos meus
Não sei por que escrevo.
Se soubesse, não escreveria:
Faria dos meus versos todos Realidade -
Uma linha crescente, um fim;
Um sorriso realizado, a eternidade.
Puros como só eles,
Meus versos, se vivos,
Fariam brilhar cada coração escondido;
Nos casebres de medo
Em silêncio
Mudo falaria, vem, desejo:
Aquilo que anseio
Não é deveras longe de minha mão;
Posso senti-lo,
Ainda que sem tato,
Posso senti-lo.
Destemido,
Capacidade se confunde com possibilidade.
Dos sorrisos amargos, versos meus,
Fariam doce o que antes era triste, sufrágio,
Virar indefinido, glorificado
Pois cada ponto não existe sem luz
Assim como a luz não existe sem pontos
(Ambas concepções dóceis da mente, como tudo).
Se pudesse simplesmente juntar-lhes...
Digo:
Os meus versos, se vivos,
Juntar-lhes-iam todos,
Porque são mais fortes que qualquer bloqueio mental.
É preciso apenas que se desprendam do papel.