Enfim a noite

Passo as noites

pensando no dia.

Choro às noites

revivendo agonias.

Vegeto em meu leito

preso às memórias

que me frustram,

me corrompem.

Onde mora a noite?

Não sou seu íntimo,

vivo-a sob luzes e,

apesar da claridade,

rendo-me à cegueira

da oca escuridão.

Revivo as cinzas,

mas delas não renasço.

Resumo-me a um espaço

triste, frio, opaco.

Questiono-me

qual o sabor da brisa

banhada pela Lua

da noite clara.

Ouço sua voz

chamando por mim.

O acender da luz

ilumina meus passos

sem rumo.

Quebram-se as correntes,

desforra-se a cama,

Abre-se a porta.

Enfim a noite:

o palco do luar,

onde escondem-se

as mais loucas cenas de amor.

Edgar Martins
Enviado por Edgar Martins em 16/07/2008
Código do texto: T1083137
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