UM POETA DIFERENTE

Sei que não é fácil ser poeta que abdica, das envaidecedoras admirações;

Que rejeita o chá aristocrático e burguês, do colegiado dos imortais;

Suster estilo próprio, e ser indiferente aos impostos padrões;

Emprestar a própria letra, para fustigar os opressores e maiorais!

Não me seduz a pompa dos confetes, nem a ovação das cênicas odisséias;

Eu decidi que a minha poesia, não se ouvirá pelos coretos exibicionistas;

Porque não me orgulharia, vê-la reduzida à audiência das telenovelas;

Simplesmente porque não sou poeta de produção mercantilista!

É evidente que sou extremamente grato a todas as pétalas nos meus encalços;

Mas eu prefiro a platéia que se forma no isolamento de minhas próprias inquietudes;

É sob a sombra de minha solidão, que recebo meus preferíveis aplausos;

Não tenho alma de insetos, que tudo fazem pra viver em torno das luzes!

Eu sou poeta nascido num chão desprezado, e não me negarei;

Assentado ao solo ressequido, declamando a exclusão que desde cedo conheci;

Se a fama me achar ou se me abraçar o anonimato, o fato é que às elites nunca servirei;

Já sou afortunado, tendo achado quem gostasse, dessas simplicidades que já escrevi!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/07/2008
Código do texto: T1080882
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