Só depois...
Só depois do grito, se nota o silêncio
E o grito sempre vem com a ira
Só depois da guerra, se enxerga a paz
Para que matar tanto, para dar valor a vida?
Só depois do atrito, se percebe a união
Por que tantas palavras ditas, sem pensar?
Só depois do adeus, se dá valor a presença
Esperamos tanto, pra dizer sempre, tão pouco
É também a maldição, que faz notar o que é divino
Só na contrariedade se percebe a perfeição
Só depois do amanhã, se dá valor ao hoje
E amanhã sempre é tarde, pra fazer o que se quer
Só depois do beijo, é que se percebe o desejo
Que sempre esteve ali, camuflado, camuflando
Só depois do toque, sente-se o quanto era sozinho
Enquanto a solidão, lhe fazia assim, tão bem
Só depois da solidão, é que se sente a companhia
E o quanto era sozinho, acompanhado de si mesmo
Só depois da adolescência, se chora pela infância,
Porque só quando se perde, se sabe o quanto ganhou
Só depois que tudo passa, se pode olhar pra trás
E pior, só depois da morte, é que se quer viver a vida