Olha lá
Olha lá a moça que desce o rochedo
Que roda a saia e canta pro ar
Que vive sem vida
E dorme sem sono
Que morre a luz do luar
Olha lá, a virgem impura
A rosa serena, ou é margarida
que ri um sorriso de moça esquiva
e chora um choro
e briga uma briga
Olha lá, a lágrima que escorre
Gelada e cai no chão só de grama
Nas costas geladas
Da moça que cala
Do homem que olha, do homem que ama
Olha lá, o amor sem mistério
Dissimulação afetada
Ganância ou pena?
Ninguém diz mais nada
Os olhos cerrados, as bocas seladas
Olha lá, a vida sem cores
O ódio sem medo
Que estampa o rosto
E os olhos sombrios
Olha lá a moça que desce o rochedo