CANTO DO PEREGRINO

 

 

(Da inédita epopéia “Peregrino”

iniciada em setembro de 1996)

 

 

 

Sou peregrino nessa terra estranha;

Já ouvi tanta história atroz – tamanha –,

Que nem tenho coragem de contar;

Sou peregrino e vou seguindo além –

Nesse caminho aonde o mal e o bem

Vão me seguindo ao lado como par...

 

Sou peregrino e vivo assim constante

Numa visão de águia esvoaçante

Sou um novo Micrômegas qualquer..

Ou como o Zadig procurando

Entender o destino se passando

Numa filosofia de Voltaire...

 

Sou peregrino e por onde eu passo,

Eu deixo a minha marca – o meu traço -,

Levo comigo a parte de um todo

Pois cada um entrega sua parte,

Vendendo sua imagem – seu encarte –,

A sua pedra ou flor  de algum modo...

 

Sou peregrino e no caminho agreste,

Por ter sonho demais, alguém conteste,

Tentando escurecer minha visão...

Tão racional e mente tão confusa –

De litopsiquê pela Medusa –,

Procuro assim fugir da sombra então...

 

E vejo o caminho à minha frente

No céu, o sol ardendo inclemente

Preciso prosseguir nessa viagem

Muitos mistérios para desvendar –

Pois o viver é sempre um limiar –,

Prossigo, com vontade e com coragem...

16-22/06/08

Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 22/06/2008
Código do texto: T1046668
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