Num passe de mágica
Uma vez me perguntaram se eu era feliz, eu disse que sim.
No mesmo dia, eu chorei, mas muito mesmo!
Embora eu estivesse feliz...
O motivo era bem simples: eu não podia ter a minha felicidade.
E mesmo assim eu vivia feliz.
Falei, dancei, cantei, atuei...
Com risos, gargalhadas, sensações estranhas que vinham do pé.
Ao menos pude perceber que poderia confiar,
não em minha sombra, pois nas noites comigo ela jamais estaria.
Não em meu objeto de felicidade, pois meu ele jamais seria.
Aprendi a confiar em meus olhares, suspiros de alegrias.
Com nariz de palhaço, que nunca vesti,
com a cartola do mágico, que nunca nem vi,
com a espingarda de um caçador, que sempre temi,
segui rumo pela vida, com a sensação de ainda ser feliz.
Mesmo sozinho nas escadas de algodão,
caí, levantei, sem nem mesmo manchar as mãos,
que eram de tinta azulada frescas e iluminadas.
Agora, já uso a cartola do mágico, o nariz de palhaço.
E até nos momentos mais cruéis de minha vida,
atirei com a espingarda que tinha medo.
Cresci, criei, não tive filhos, mas criei letras, palavras, sons...
Um mundo mágico onde eu queria viver, onde eu queria ser