PODE MORRER UM AMOR?
João andava sem rumo, e perdida em seus vazios se achava Maria;
Até que um belo dia, seus dois olhares se encontraram;
Brotaram as pétalas encantadas, de um bem querer que ali nascia;
João e Maria, assim descobriram que já se amavam!
A felicidade rondou as vidas de Maria e João;
E a paixão converteu todas as suas paisagens, em flores e cores;
Até que os dissabores, resolveram a tanta alegria dizer não;
Morreu João, ficando com Maria somente saudades e dores!
Não demorou, porém, e conselhos amigos procuraram Maria;
A síntese dizia, que sua jovialidade justificava um novo amor;
No fulgor da mocidade, novas emoções ela bem que merecia;
Surgia José, oferecendo-lhe toda a intensidade de seu fervor!
José e Maria, agora formavam uma nova Odisséia;
E se dava a estréia, de um novo espetáculo naquele viuvo coração;
Até que lhe veio a indagação: "vivo um drama ou uma comédia?"
"Se agora amo José, quer dizer que desamei o falecido "João?"
A questão ramificou-se e assumiu vertentes complexas;
Que emoções eram essas, que uniam Maria a José e João?
Pode um coração amar quem se foi, e aceitar o surgir de outro amor em festas?
Ou será que dentre estas, uma se faz impostora emoção?
Seria verdade que a morte de quem amamos, é a morte do amor?
E se não for, por quê nos damos à sorte de novamente amar?
Em vez de contraditar, não seria melhor negar o passado que alguém enterrou?
Ou em respeito a quem se amou, de novos amores abdicar?
Será? ...