Reencontro
Reencontro
É agosto no bar da minha rua
Decido sair de casa
Deixar meus manuscritos no porão
ano após ano, grilados.
Eu levanto do sofá
da poeira convencional
rasgo a fronteira do meu terreno
e do presente em interrogação,
usucapindo todo o bairro
como a sombra dominante
de um coronel empinado,
de um viúvo estuprado.
E sigo. E chego.
Não devoto santo
não mareio camaradas
sento-lhe à direita,
brindo o dessabor do copo
que se me alia.
A vozearia do boteco
fica muda,
a vaia fina do vento
de inverno se veda.
Rompo o silêncio
de nossa mesa
Insulto-o, ultrajo-lhe
a insolência!
Ponho-me a rangir...
a testa zonzeando
o móvel ímpio.
Ele é jovem,
engomado,
expressão sintética,
coluna ereta,
de flerte aviltante.
É agosto no bar do meu futuro
Onde eu tomo vinho
com meu Passado
E lhe faço reperguntas.