Reencontro

Reencontro

É agosto no bar da minha rua

Decido sair de casa

Deixar meus manuscritos no porão

ano após ano, grilados.

Eu levanto do sofá

da poeira convencional

rasgo a fronteira do meu terreno

e do presente em interrogação,

usucapindo todo o bairro

como a sombra dominante

de um coronel empinado,

de um viúvo estuprado.

E sigo. E chego.

Não devoto santo

não mareio camaradas

sento-lhe à direita,

brindo o dessabor do copo

que se me alia.

A vozearia do boteco

fica muda,

a vaia fina do vento

de inverno se veda.

Rompo o silêncio

de nossa mesa

Insulto-o, ultrajo-lhe

a insolência!

Ponho-me a rangir...

a testa zonzeando

o móvel ímpio.

Ele é jovem,

engomado,

expressão sintética,

coluna ereta,

de flerte aviltante.

É agosto no bar do meu futuro

Onde eu tomo vinho

com meu Passado

E lhe faço reperguntas.

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 06/06/2008
Código do texto: T1022564
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