Vivencia abstrata
A árvore esta a toco velada,
Vive um amanhecer noutro tempo,
Como se um dia nem fosse segundo,
A espera do vento a secar suas folhas.
Toma-se banho ao banhar-se toda,
Quando não se quer mesmo querendo,
Veste-se em festa,
Cheia de flores e ninhos,
Desfilando-se imóveis frondosos membros,
Resolvendo em si seus espaços tão permanentes.
E ao fazer amor em folhas gêmeas,
Deposita sua semente,
Em pares outros,
Eterna raiz de seu semelhante.
De seu corpo, seu sustento,
De seus desejos, suas crendices,
De sua paciência, eternidade,
De sua vida, permanência.
Se corre o vento, para a chuva,
Se busca o sol, brilha seus entes,
Mantêm irremovível seu medo premente,
Um dia será não mais que ausente.
Que força, que vida,
Sempre coerente,
Ao tempo que o tempo
Toma-lhe contente.
Viverá além,
Quem sabe recente,
Seu louvor, tão somente.