As Quatro Montanhas
Atravessei quatro montanhas,
Diante da primeira, olhei a terra esquecida,
Enxerguei seus defeitos, suas manchas,
A razão por que nos era merecida...
Nela ainda, vi o mêdo imcompatível,
A fraqueza das crianças e das famílias,
Insistiria até aonde me fosse possível,
Avistei a tristeza, nas mais distantes ilhas...
No topo da segunda, vi um mundo escravo,
Riquezas roubadas, valores perdidos,
Vi a moral se perder por míseros centavos,
Daí avistei lágrimas, nos corpos caídos...
Dores atenuavam-se na própria respiração,
Dàqueles que se negavam desapercebidos,
Um lamentável caminho para o coração,
Quando vim perceber a negligência dos sentidos...
Por entre as rochas da terceira, entendi a dureza,
Dos crimes secos, dos atos ediondos,
Incontestáveis acidentes emocionais, com certeza,
De um homem, que a si próprio destruiu...
Pude ver as grades das selas,
A humilhação, as chaves do desprezo,
Olhos que jamais veriam a primavera,
Pude ver o ódio contido no próprio desejo...
Emfim, chegando aos grandes jardins da quarta montanha,
Pude ver uma luz distante,
Que ofuscava os mais escuros vales dessa terra,
Lá pude sentir os raios do sol no horizonte...
Daí ajoelhei-me diante da grama ainda molhada,
Enquanto observava lá, as brancas nuvens que passavam,
E em meio a beleza das flores que admirava,
Descobri o Amor na beleza viva, que hora despertava...