ATÉ QUANDO ?

ATÉ QUANDO ?

Juliana S. Valis

Até quando esperaremos migalhas da sorte ?

Até quando veremos lágrimas do mundo ?

Se não há um sonho que nos importe,

Como viver o que é profundo ?

Como transcender a própria morte

No tempo efêmero e fecundo ?

Até quando sentiremos na alma

Tantos reflexos de emoções fugazes,

Como vulcões que nenhum ato acalma

No epicentro de noções loquazes ?

Ah, sofrem tantos corações na vida,

Suplicando paz além da tempestade,

Quando a própria música que a fé abriga

Vem tão célere que já nos invade

E, sem licença, um dia nos convida

A decifrar a própria humanidade !

Não, não é mais possível desconsiderar

Os bilhões que sofrem pelo mundo afora,

Enquanto poucos vivem neste mar

Do luxo imundo, à custa de quem chora.