O Pacto Dual
O homem faz o pacto com céu e inferno
Na esperança sôfrega de tudo abraçar
Da base ao cume do espiral eterno
Entre os extremos sempre a vacilar
O mal inevitável aos poucos o tempera
O bem irresistível em assaltos o embalsama
Uma moeda suja o turba quando onera
E um valor sem preço o banha quando ama
Satã e os anjos a alma incerta lhe disputam
Cada força tem nele demarcado território
Quais temporal e calmaria o exultam
Equilibrista manco, hábil, aplaudido e inglório
Ébrio do caos ou lúcido de infinito
Primavera de amor ou pranto que neva
O curso perpétuo do inexorável rio secreto
Ao seu capricho o afeiçoa e leva
Entanto se desperta tem nas mãos o leme audaz
Do espírito e sentidos caem aduladores véus
Dizem que então escarnece de Satanás....
Dizem que veste então a luz dos céus...