UM ENCONTRO COMIGO

Quem quiser me encontrar, favor dirigir-se ao arraial dos insurgentes;

Iluminado nas sombras da simpleza, deleitado nos edificantes prazeres;

Num pináculo solitário, fortalecendo o elmo contra pensares deprimentes;

A imaginar saídas para os porões, criados por meus assemelhados seres!

Eu sou o íntimo multiplicado, que não se acha nas aglomerações;

Nos corredores dos templos da futilidade, a minha ausência será solene;

Achem-me sedimentado, no que posso doar de minhas fragmentações;

E nem percam seu tempo, procurando-as nas mazelas que a justiça teme!

Estou acomodado nas primeiras filas, desse teatro dos horrores;

Sou o chão enlameado, pelas lágrimas dos desprezíveis e excluídos;

Não me procurem nas mesas fartas, onde sobejam burgueses sabores;

Porque resido nas panelas vazias, e na frágil voz já sem ruídos!

Meus pés nunca passeiam pelas areias brancas, do negro mar aristocrata;

Meus brados não se propalam, pelos palanques do sofismo;

Desistam de me buscar, onde os tesouros são a pobreza do ouro e da prata;

Me encontrem sem hora marcada, numa esquina qualquer do idealismo!

Talvez quem me procura, não mais persista nesse seu intento;

Sou martelo feroz, que estilhaça todas as taças do cálice leviano;

Portanto não me busquem nas vaidades, porque me orgulho de ser pequeno;

Eu moro em nevados montes, onde me alimento do que não me engano!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 22/05/2008
Reeditado em 18/07/2008
Código do texto: T1000826
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