UM ENCONTRO COMIGO
Quem quiser me encontrar, favor dirigir-se ao arraial dos insurgentes;
Iluminado nas sombras da simpleza, deleitado nos edificantes prazeres;
Num pináculo solitário, fortalecendo o elmo contra pensares deprimentes;
A imaginar saídas para os porões, criados por meus assemelhados seres!
Eu sou o íntimo multiplicado, que não se acha nas aglomerações;
Nos corredores dos templos da futilidade, a minha ausência será solene;
Achem-me sedimentado, no que posso doar de minhas fragmentações;
E nem percam seu tempo, procurando-as nas mazelas que a justiça teme!
Estou acomodado nas primeiras filas, desse teatro dos horrores;
Sou o chão enlameado, pelas lágrimas dos desprezíveis e excluídos;
Não me procurem nas mesas fartas, onde sobejam burgueses sabores;
Porque resido nas panelas vazias, e na frágil voz já sem ruídos!
Meus pés nunca passeiam pelas areias brancas, do negro mar aristocrata;
Meus brados não se propalam, pelos palanques do sofismo;
Desistam de me buscar, onde os tesouros são a pobreza do ouro e da prata;
Me encontrem sem hora marcada, numa esquina qualquer do idealismo!
Talvez quem me procura, não mais persista nesse seu intento;
Sou martelo feroz, que estilhaça todas as taças do cálice leviano;
Portanto não me busquem nas vaidades, porque me orgulho de ser pequeno;
Eu moro em nevados montes, onde me alimento do que não me engano!!