APRICIDADE DO OUTONO ...

Brisa tênue

Que já sopra

Dum relógio dando voltas...

Já chegou

Sem avisar

O Outono a encantar.

É remanso

Carinhoso

Sob o Sol que chega morno.

É a Natureza sonolenta

Quem em beleza

Se rebenta.

Qual aconchego

Enredado

Sobre as folhas...

Matizado.

É pincel

Que reverbera

Na beleza de suas telas.

É a esperada despedida

Na chegada

Das partidas.

É o silêncio a sussurrar

O todo e o tudo

A degustar...

E o chacoalhar ao vento

Do já passado

Do momento.

Qual um craquelar

Do tempo

Nas folhas do pensamento.

Aquarela ressequida

Nas viçosas

Trilhas idas...

Num só tom ferruginoso

Há nuanças

Do vindouro.

É o Outono...

Nem é quente, nem é frio

É só poesia...

Por um fio.

À alma

É apricidade...

Mesmo nos tons

das cidades.