Como Miragem
O dia amanhecia, e o céu azul com nuvens brancas se enfeitava
Com meu olhar de criança, toda essa beleza me deslumbrava
Roubava do arco-íris suas cores e nuances
E pintava as telas das imagens que da minha memória brotavam
Tudo eram sonhos risonhos que eu acalentava
O vento forte meus cabelos embalavam
Nos caminhos de pedras, que as águas do rio banhavam
Viajava em pensamentos, enquanto meus pés, sem direção, caminhavam
Sobre as águas claras, via as sombras que vagavam
Passando sobre as cabeças, as nuvens escuras se formavam
Desenhando figuras que muitas vezes me assustavam
Como criança pequena, querendo colo, eu chorava
Sem receber as chuvas, a terra seca do Nordeste esquentava
Os torrões endurecidos, como pedras, rolavam
Como miragem no deserto, meus olhos enxergavam
Olhando para o chão, como alucinação, eu via o azul do céu, refletido num lago