A Voz da Foz
Belém, pensando no rio Amazonas, 20 de fevereiro de 2025.
Metabólico
tão simbólico
mas eis que te ameaça
o óleo diabólico
Tua vazante
tão possante
mas o mar lhe é agora
Devorante
Extração
e Pressão
E por mais que digamos
"que vai esquentar"
o combustível da sanha
de endinheirar
Alma de uma foz
que tinha na voz
"repare desde
Mil oitocentos e cinquenta"
Alma de uma voz
que tinha na foz
saber que não havia
perigo que venta
Um de nós
ficou da luz apagar
não sem lutar
mas tanta fumaça
acabou o ar
Lama tua
Vem a lua
de um mururé perdido
que não polua
onde a boia
pesca a boia
mas um posto de gasolina
não te apoia
Bastidores
Surrupiadores
Uma de nós ficou
para ir exigir
o direito da netinha
usar matapi
Calma para a foz
marulho na voz
"troque esse antigo
seu pensamento"
Paz para a nossa voz
não traga a nós
da desigualdade
tormento
Se vazar
e a nossa várzea manchar
usaremos a tinta do óleo
para teu nome culpar