O ESPÍRITO DOS LOBOS
O espírito dos lobos
às pressas
costura o caminho
perde-se nos intervalos
na síntese do entardecer
no rasgo da floresta
entre a batida lenta dos rastros
e os direitos mornos
a febre das folhas
o cheiro da fúria
em silêncio
dançam nesta linha
cena geométrica e terrena
como foice na jornada
a matar a fome
logo mudarão as estações
os horizontes
os galhos que arranham o estômago
a chuva na miragem da imagem
é o processo
alfas
betas
inquietos rios
a frequência da sede
gotas que se movem
rumo ao peito
os passos dos sons do núcleo
o insulto das queimadas
tangem o gelo
precisam do tempo
dos deuses
e dos primitivos entardeceres
Precisam do imenso existir
capaz de resistir ao fogo
e ao viço das fronteiras