A voz do vento

No silêncio dessa praça,

Tive uma ideia feliz:

Resolvi ouvir o vento

E entender o que ele diz.

Seu falar é mavioso

Sendo quase indistinguível,

Mas notando o meu querer

Fez-me um som inteligível:

"No outono eu levo as folhas,

Na primavera espalho o mel.

No verão eu sou refresco,

No inverno eu sou cruel.

Viajo de Norte a Sul,

Não preciso me esconder.

Posso estar em toda parte,

Mas ninguém pode me ver."

Falou isso e foi embora,

Bagunçando os meus cabelos.

Mas quase sempre ele volta,

Eriçando-me os pelos.