Arquitetos dos Céus
Os passarinhos não sabem que são arquitetos,
Mas sabem que o vento lhes rouba gravetos
E mesmo assim, eles teimam.
Das palhas tortas, fazem abrigo; dos fiapos perdidos
Fazem colchão. Constroem com a paciência
Que só o tempo tem.
Se o ninho despenca, não desistem:
Há nos seus olhos uma teimosia que espanta
O vazio e quando o mundo lhes sopra de lado
Reinventam o voo, caçam musgos,
Colam penas, fazem do bico sua marreta
E do canto, a sua morada.
Porque o que importa não é só o ninho,
Mas o gesto de se fazer arte no céu.