Indo além do encher a terra e dominar
Em nosso tempo a religião perdeu o controle sobre a sociedade,
Mas não deixou de ter poder ou importância social,
É ideologia, quase sempre conservadora e tradicionalista,
A serviço de interesses que vão muito além da fé que se professa.
Com a Bíblia nas mãos o conquistador chegou a estas terras,
Cruz e espada, juntas, tentaram calar índios, negros e a própria natureza.
Não havia dúvidas: os cristãos expressavam em seu agir a vontade divina:
“enchei a terra e submetei-a! Dominai...”
Tudo que existia na natureza era dom de Deus,
Usufruto para a imagem e semelhança do próprio divino ser.
Não havia limitações no que tocar, arrancar e levar para terras distantes.
Árvores, pássaros e até indígenas ...cobiça em forma de bênção.
Nada no ‘novo mundo’ tinha valor em sí, tudo era dádiva.
Tirar da floresta à beira mar o colorido pau Brasil,
Preparar campos para cultivo da cana, produzir o pó branco que vicia.
Ocupar campos gerais com gado, sangrar a terra em busca de ouro.
Não, isso não terminou...continua acontecendo por todo lugar,
O Cerrado agoniza em suas nascentes, na soja, milho, arroz, algodão.
Na Caatinga de rica diversidade o semiárido vira deserto.
Rios desaparecem no Pantanal, jacarés, peixes e aves...meras lembranças.
Sistematicamente a mão humana, de gananciosos interesses,
Dia a dia vai comendo a floresta. O fogo limpa a área e prepara a derrubada.
A Amazônia, terra de todos, de ninguém, rapidamente desaparece.
Em seu lugar gado, agronegócio...a morte travestida de lucro e riqueza.
O cenário muda, mas a realidade da destruição continua sendo a mesma.
O Pampa das amplas pastagens, de rios caudalosos e horizontes sem fim,
Devastado por enchentes e secas prolongadas agoniza.
Até onde dominar e submeter irá nos levar?
Na mesma Bíblia encontramos que Deus criou um jardim
E nele plantou as árvores da vida e do conhecimento.
Bem e mal não são fatalidades, resultam de escolhas.
Você, eu, nós, podemos mudar o que aí está...basta decidir o rumo.