Poeticamente incompleto
O tempo é quadrado,
em seus vértices firmes
aprisiona os dias,
e gira, paradoxal,
na ilusão de ser eterno.
O sentimento é redondo,
desliza nas curvas do peito,
sem arestas para ferir,
mas capaz de circundar
o abismo do instante.
A matéria é triângulo,
erguida em vértices finos,
funda como as raízes,
leve como o cume
de uma ideia invisível.
E no encontro dessas formas,
existe o universo:
indefinível, geométrico,
mas, sobretudo,
poeticamente incompleto.