Presente: um presente

o clima mudou

como desde de sempre

o clima

não é mais o mesmo

nem eu

o clima está diferente

como você

o clima está intenso

as neulosas de cada um

se encontram

no buraco de minhocas

perdido no espaço

caraminholas dançam

por um longo tempo

com castanholas enlaçadas

nos anéis de saturno

ao som do grande silêncio

o clima não nos pertence

na grade dum termômetro

escorre a desilusão do controle

nossos gases

ruminantes interferem

no heliponto

de quem está do lado

querendo partir

o climatério chega para todos

independente de gênero

a impermanência constante

é uma normal

negativada

pela crença do arbítrio

poesia

não precisa

de sentido

entender

nem sempre

transcende

a frequência

cá embaixo

somos eternos

no campo de visão

de quem se faz

presente