Deserto verde
Até hoje nunca tinha ouvido falar em deserto verde :
Milhares de eucaliptos, silenciosos em fila indiana.
Lúgubre cenário a cobrir extensas faixas de terra,
Sem húmus, sem vida...
assassinadas em sua biodiversidade pelo ROUNDUP .
Sempre acreditei que bastava plantar uma árvore
E o reflorestamento já começava a mudar a realidade.
Na minha cabeça era simples: mais árvores, mais verde...vida!
Mas diante do deserto verde...tudo isso se desfaz.
Desde os anos 50 no Brasil se planta eucalipto.
A modernidade no manejo planejado.
O objetivo era a produção de carvão e celulose entre outros produtos.
Crescimento rápido e retorno financeiro seguro...para os investidores.
Uma denuncia desde então: onde tem eucalipto as águas findam!
Aqui no DF existem desertos verdes ...muitos e não estão sós.
Eucaliptos a perder de vista no que antes era o cerrado.
Acompanhados pela soja, milho, girassol, café, gado... reina aqui as comodities
E junto com elas a morte de nascentes e dos pequenos veios d’água que alimentavam rios.
Não é de hoje que escolhas erradas podem resultar no deserto verde.
Numa memória bíblica em forma de fábula
relembro o dia em que as árvores saíram andando pois queriam escolher um rei .
Oliveira, figueira e a vinha/parreira disseram não. Só o espinheiro aceitou e ameaçou
Colocar fogo e queimar quem não se submete-se e questionasse seu poder.
O que cresce ou vive à sombra do espinheiro/eucalipto?
Nada...sequer grama, insetos, pássaros ou pequenos animais.
Deserto verde...engodo transformado em crédito de carbono, redução de custos.
Simulacro de reflorestamento ou desenvolvimento sustentável.
É possível mudar essa realidade? Com certeza sim!
Os indígenas a milhares de anos fazem florestamento com plantas nativas.
A terra é uma mãe e cuidar dela é também cuidar de seus filhos.
Existem entre nós os teimosos recuperando nascentes, replantando o cerrado.
Brigando por corredores ecológicos...por mudanças na legislação ambiental...
É preciso começar por algum lugar... a começar por nós.
Quem sabe ir plantando pelas estradas, quintais, praças e parques
Árvores, arbustos, flores e outras plantas do cerrado.
Sonhos e boas práticas que por fim acabem com o Deserto verde!