DECÍDUA
Em homenagem ao Dia da Árvore
O outono chega
Como as outras estações
Sem pedir licença
Deixa-me nua
Ao vento que começa se tornar gélido
Correntes que vêm do Sul
Vejo-me em tons de marrom
Tonalidades secas
Vou direto ao chão
Camuflo-me com o substrato
E não me reconheço mais
Em meio ao que fica na superfície
Decomponho-me
Mantenho o ciclo
A fertilidade continua
Só penso em entregar-me
Angústia diante do processo que se inicia
Que ainda não é o pior
Desfaço-me
Contenho minha energia
Vejo todo o plano recolhendo-se
O vento é mais forte
Sementes aladas completam o que vejo
Minha seiva elabora
Expele o que é bruto
Vou passar nua e inteira
Pelo momento adverso
Em essência, entendo
O que vou expor na primavera