O pranto da Onça Pintada
Ardência em meus olhos ao abrir,
Encharcados pelas lágrimas do medo
De uma morte inesperada, assombrosa.
Olhos embaçados pela fumaça densa
Que invade meus pequenos pulmões,
Consumindo o maior de todos —
De nossa amada Terra, nossa mãe.
Envoltos nas chamas da impiedade,
Que devoram selvas outrora verdes,
Não temo por mim, mas por todos,
Mães e filhotes além da minha alcatéia.
Desamparados por ambos os povos,
Inútil buscar auxílio; olhei ao redor.
Nem à direita, nem à esquerda,
Há alguém que verdadeiramente ame,
E se compadeça da nossa dor.
Embora tão desejada em uma nota,
Importo menos que cinquenta reais.
Répteis, anfíbios, mamíferos e aves,
Todos nós, vítimas negligenciadas,
Sofrendo o desamor de uma nação
Que nos queima sem nenhuma piedade.