Entre as cinzas, a floresta chora,
O verde queima, e a vida implora.
Bichos correm, sem rumo, sem casa,
Na fumaça densa, a esperança se arrasa.
O fogo consome, o vento espalha,
A mata grita, a vida se esvai na mortalha.
As asas caídas, o olhar sem brilho,
O cerrado morre, o Pantanal é filho.
Governantes distantes, olhos cegos,
Promessas vazias, discursos egoístas e entregos.
Enquanto o fogo avança, lento e voraz,
A incompetência reina, e o futuro jaz.
A terra pede, o céu escurece,
E o coração do Brasil, em silêncio, padece.
Quem ouvirá os gritos do chão?
Quando a fumaça é o véu da destruição?
Que a chama se apague, que a vida renasça,
Mas o que se perdeu, o tempo não abraça.
E os bichos, na memória, deixarão a marca,
De uma nação que, em fogo, se apaga na arca.