Pelos Cimos dos Outeiros
A jornada se inicia
Antes do romper d'aurora,
Enfrentando a brisa fria
Que noss'alma revigora.
Ao chegar nosso destino,
Não se finda nossa lida:
Com ânimo matutino,
Faremos nossa subida.
Pelas matas e clareiras,
Prosseguimos com vigor;
Dos penhascos, altas beiras
Mirantes são do esplendor.
Ó beleza desmedida
De vivífico verdor,
Cada cume é uma ermida
Para louvar o Criador!
Qual pendão, tremulam flores
Ao tanger de excelsos ventos,
Ocultando as nossas dores,
Dando-nos novos alentos.
E vós, rochas tão altivas,
Recebeis beijos do Sol.
Parece até estardes vivas,
Rutilar é o vosso prol.
Quão perfeita a harmonia
Florescente nos outeiros,
Nutre nossa ousadia
Até os passos derradeiros.
E o retorno, fadigado,
Não nos é desesperança,
Pois é o descanso almejado
Por quem o alto cimo alcança.