Deixe esta paz que sinto prevalecer
Deixe esta paz que sinto prevalecer,
No meio do meu estômago, deixe
Meus ouvidos sem palavras,
Meus dedos sem os toques
Deixe prevalecer, por favor, o silêncio
Que é meu grande triunfo nesta vida,
Andar sem agitações dos laços
E sem a máscara dos títulos sociais.
Ah, deixe-me dormir,
E no meu canto, por cima da cama
Eu ser rei de meu mundo apenas.
Com sonos sem mais sonhos
E a coroa florida da natureza,
Que é ela e ela apenas,
Sem precisar pensar no que move as coisas
Nem nas leis, em São Tomas de Aquino
Nem escrituras, nem memórias de outros;
Deixe-me ser sem precisar mover-me
Sem precisar fazer contas e medições,
Que minha vida a sinto e ela apenas
É matéria de nada. Quero apenas a sensação
De existir, e pronto.