ARBOR GLORIOSA
Gosto de pensar
no viver silencioso
das árvores.
Silencioso e sem pressa.
Proposital.
Elas,
que têm sua própria noite
no abraçar úmido de raízes
na escuridão densa da terra,
resignadas
ao seu trabalho escondido
nos bastidores da vida.
Têm também
seus dias verdes
de folhas que se entregam
à luz líquida do sol
e mesmo nos longos estios poeirentos
insistem em sonhar
seus sonhos de chuva.
Nas horas crepusculares,
que também têm,
mensagens mudas e secretas
circulam por seivas cristalinas
num labirinto de veias e ramos.
Tem vívida voz
essa vida silenciosa,
esse milagre visível,
arbor gloriosa.