O canário-saci
O canário-saci
Félix Maier
Em sua gaiola, um canto abençoado,
Canário belga, alegre a gorjear,
Sua voz divina, ao mundo ofertado,
Fazia o dia mais claro brilhar.
Mas veio o gato, sorrateiro, audaz,
E numa investida, cruel, fatal,
Rasgou sua perna, e o canto se desfaz,
Deixando a casa num silêncio brutal.
Por longo tempo, a ave em dor ficou,
Apenas num pé, sem mais canção,
Até que um dia, sua voz voltou.
Cantou ainda mais, com devoção.
Mas, numa queda, seu fim encontrou,
E o lar, sombrio, mergulhou em solidão.
***
Obs.:
Soneto baseado em história real:
Um canário belga cantador, que a família Maier tinha numa gaiola em Águas Claras, DF, passou a se equilibrar igual Saci depois que o gato Willy lhe rasgou uma perna. Por um tempo, parou de cantar, porém, quando voltou a gorjear, seus trinados eram ainda mais fortes. Um dia, Félix foi recolher lixo no chão e bateu sem querer com a cabeça na gaiola, que despencou ao chão e o canário teve o pescoço quebrado.
F. Maier
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