Eu nasci no pé da serra.
Eu nasci no pé da serra, lá no fundo, de um grotão.
Lá não existia escola, o trabalho era a educação.
A gente banhava no rio, mesmo no tempo de frio.
Hoje só restam saudades deste tempo juvenil.
Eu nasci no pé da serra, lá, no fundo, de um grotão.
Tinha gente trabalhando, em meio à plantação.
Lá tinha muitas nascentes, a água era cristalina.
A chuva nunca faltava, tinha a proteção divina.
Eu nasci no pé da serra, lá, no fundo, de um grotão.
Onde a água era corrente, matava a sede da gente.
Água é fonte da vida, que transforma situação.
A vida era diferente, lá nunca faltava o pão.
As sementes que plantavam germinavam sem parar.
Era uma terra rica e pura, havia muita fartura.
Um pé de jacarandá, eu fiz questão de plantar.
Para, num tempo futuro, em sua sombra descansar.
Hoje não tem mais grotão, as matas viraram chão.
Tornaram-se pasto de gado, que alimenta a nação.
Como pode ser progresso, com tanta destruição?
Tem que ter alternativas para não matar a vida.
Hoje moro na cidade, onde passa um grande rio.
Que foi doce como mel, hoje é só minério e fel.
Os peixes que lá viviam morreram sem respirar.
Toca o fúnebre do Rio Doce que a morte passou por lá.
Hoje peço que protejam o verde sem distinção.
Os animais e florestas, onde as aves fazem festa.
Ó Senhora da Saúde, com seu manto cor de anil.
Abençoe a ecologia que quer salvar o Brasil.
Ledesmar José Walger 26/06/2024