Gavetas e saudade

Tão nostálgica, gaveta, retangular e saudade.

E os papéis de outrora, amarelos e fotografias, discos riscados.

Poeira velha, teias e aranhas tediosas.

Bem discreto, o relógio mentiu.

A criança da moldura, é um arcado ancião, ansiedade de morbidez.

A idosa, escondera seus ossos, a tempos.

Aquele sol, adormeceu de esquecimento.

Gavetas e saudade, o tempo blefou do menino.

Um riso antigo, agora, camufla bem sujo, o dente, o sisudo siso.

Beleza e feiúra são irmãs, desfalecem iguais em tumbas, sempre.

Restam trapos, retratos vagos, molduras cansadas e ninhos.

Aconchego de velharia, colônias de infames cupins.

Tão nostálgica gaveta...

João Francisco da Cruz