O Motim dos Colibris
E asas azuis, tão vermelha e singeleza, tú pairas e ama no ar.
E eu, que fito os olhos, bem pasmo, um orgasmo de passarinho.
E num instante de vais, uns meros momentos de vens, contemplo a fecunda magia da cor.
São dos montes e motins, das florestas, de jardins, do quintal meu, de girassóis.
Oh, colibris e anjos tolos, bem tão dóceis, pássaros pequenos.
Cintilante cor de céu, beija flor, o lábio teu.
És meigo voar e beleza, alma do velho amor.
No caminho de ermo e vazio,
do galho tão seco, da falta da seiva, oh, feiúra e colibri.
O néctar nega, a flôr de mentira, oh, ninhos perdidos, tais lutos de cuitelinhos
E surge um motim, de pássaros feios, de capas, capotes, de vis beija flores.
Oh, seres de bípedes, tão seres vazios, oh, seres de homens, a morte num fio.
De bicos e pontas, surgiram de um céu, e penas pesadas, de negras, batiam.
E foi num motim, e os tais colibris, viveram pra sempre, na terra dos homens.
E asas azuis...
João Francisco da Cruz