Degelo

O mar avança , invadiu a areia da praia

subiu as muretas , alcançou a calçada

carros viraram veículos anfíbios

Todos correm pra lá e pra cá

muitos não sabem nadar

todos tentam fugir

da fúria do mar

Mas ninguém consegue conter o mar

ele segui adiante

com suas ondas gigantes

ele continua seu avanço

os primeiros corpos, começam a boiar

Acontecem os primeiros curto circuitos

milhares morrem de choque elétricos

vejo homens virarem peixes fritos

pois , o mar alcançou os postes

com cabos de alta tensão

Casas estão submersas

mas o mar também

chegou nos condomínios

de alto padrão

O mar é democrático atinge ricos e pobres , a Marinha determina

que navios tentem resgatar

as vítimas dessa catástrofe

O mar já invadiu toda cidade

calamidade pública

caos , tragédia, vejo humanos

sendo devorados por tubarões

Vejo baleias assassinas

Vejo cavalos marinhos

Nossa ilha , nossa praia

toda nossa cidade foi engolida

Estou com um colete salva vidas

escrevendo com dificuldade

tremendo com hipotermia

Dizem que essas águas frias ,que inunda toda cidade , são oriundas do degelo

dizem que isso aconteceu , devido ao efeito estufa

o aquecimento da terra

derreteu uma geleira

do tamanho de um continente

Vejo um meigo urso polar

vítima do degelo

boiando sob uma placa de gelo

Ninguém quis acreditar

Ninguém botou fé

Agora vejo incrédulos

pedindo a Deus

uma nova arca de Noé

NEREU AIRTO AMANCIO FILHO
Enviado por NEREU AIRTO AMANCIO FILHO em 17/07/2024
Reeditado em 17/07/2024
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