Tenho medo do vento
Poeira que sobe,
vento soprando forte.
Tenho medo de vento.
Porque parece um lamento.
Um canto desafinado.
Alguém que suplica, que chama.
Uma dor que atravessa o tempo.
Fecho a janela.
A tempestade precipita.
Raios riscam o céu vespertino.
Densas nuvens negras se formam.
O vento corta mais uma vez,
o silêncio no apartamento.
As cortinas balançam.
Quem deixou essa brecha aberta?
Não vê que ele invade tudo?
Bate porta, derruba objetos.
Então deixe que fique lá fora.
As árvores também se apavoram.
Olha como elas balançam de um lado para outro.
E seus frágeis galhos quebrando,
seus troncos tombando ao chão.
Tenho medo de vento,
tenho um estranho pressentimento toda vez que ele sopra e cria furiosos redemoinhos.
Vento que leva embora.
Nosso ar viciado, nossas promessas não cumpridas e nossa esperança já fragilizada.
Vento que cria tornados.
Eu tenho medo do vento,
mesmo lembrando por um momento,
que ele é responsável por trazer novos ares.