A enchente
Um rio invade a aldeia.
- É a cheia! É a cheia... - gritos na escuridão.
- Saiam depressa... a água de passar tem pressa!
Sonolento o pai abre os olhos.
Sacode a mãe que no sono profundo sonha um sonho pintado de azul.
O pai pula da cama - 'os filhos precisa também acordar'.
A mãe lentamente - ainda permanece com a mente nos resquícios do sonho azul - senta-se na cama.
Procura o chinelo quentinho... pros seus pés são como um ninho - lembra da filha ao lhe dar num pacote tão bonitinho.
É frio o chão. O que está essa água a tudo molhar? Com certeza, ainda é delírio do sonho à beira do mar.
O pai grita - Vamos sair daqui!!!!!
Os filhos relutam e lutam: 'por que não nos deixa o pai continuar o sono que estávamos tão gostosinho a dormir?
Não queremos ir...'
A mãe grita: 'por que tanto desespero... sempre às pressas o pai quer tudo fazer... calma... vou pegar nossas malas... preparar um lanche pra na estrada comer...'
A água sobe depressa.
O barulho que ela faz ao passar é assustador.
Tudo começa a se mover.
É a água que sobe depressa... tudo em tudo a bater.
Com fúria, tudo o que vê quer com ela carregar.
Nada no caminho pode ficar.
O pai segura os filhos com força nos braços.
Nessa hora só queria ter mais um braço.
Sabe que tudo o de que a mãe precisa é de seu forte abraço.
A fúria da água.
A força do homem.
O amanhecer vai dizer...
quem essa luta conseguiu vencer.