A curva do Rio
O rio azul desta cidade faz uma grande curva,
O lixo que boia nele deixa a água preta turva.
Sacolas plásticas e garrafas, caixas de papelão,
A curva do grande rio parece uma assombração.
Cacos de vidro e entulho poluem nosso ribeirão,
Sacos de salgadinhos, panela velha e balderão.
Sapatos, sandálias velhas, sofá, cadeira e fogão,
A curva do grande rio parece uma assombração.
Animais mortos e pneus, caixas de leite e colchão,
Troncos, galhos e cantoneiras, capuchos de algodão.
Muitos urubus tentam pousar no lixo do rebentão,
A curva do grande rio parece uma assombração.
Ninguém pesca mais os peixes: cará, traíra, camarão.
Ninguém nada no rio, não lava nem mesmo as mãos.
O rio é uma fosa aberta, o prefeito é sem noção.
A curva do grande rio parece uma assombração.
Alexandre Tito