Intentei fazer um pacto com o vento
Intentei fazer um pacto com o vento:
Ele me traria só coisas boas
E levaria para longe todos os males.
Inocente, pensei o vento aceitaria o pacto.
Nem me respondeu nem ao menos com seus silvos
E compreendi: o que posso oferecer ao vento?
Pacto deve ser uma via de promessas mútuas.
Ademais, o vento não se prende a nada e a ninguém
Ele é, por definição e excelência, livre.
Pode ser comparado a Eros e Exu
Não são contidos por nada a não ser cumprir seus propósitos.
O vento quer trazer tudo que queira e encontre pelo caminho
Folhas, flores, penas, poeiras, coisas pequenas, grandes, leves e pesadas
Ora, dá-se, como se pode impedir o vento de trazer males?
Porque ele também traz coisas de bem e boas de se ver.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 09 de janeiro de 2024