Passarinho... "Ainho"
Tanta belezura!
Teu canto é energia
Tuas plumas, magia pura
Dentro do compasso da imensidão
Fora, a gaiola é tua servidão
Compadecido, solitário
E condenado à ditadura.
De pulo em pulo,
Pulou e perdeu a liberdade
Assobia os hinos que criou
É um tristonho passarinho,
"Ainho", na doce prosódia infantil
De sonho em sonho,
Nunca contemplou a clausura
De galho em galho, colhe
Flores amareladas pelo tempo,
Pisoteadas e falsificadas
Servem de forro ao ninho
Saiu a passear, caçar,
Depois do trabalho à sobrevivência,
Empina suas plumas, livremente,
Canta, voa e acasala .
Mas na inocência faminta
Cai na arapuca fria, solitária,
Desalmada e arbitrária
Pra nunca mais voar...
Foto: Bruna Sangy - Gralha Azul