O NU NO UNIVERSO TRIGONOMÉTRICO
"Tudo é poema no íntimo das praias" (*),
disse a moça, tirando a roupa, dobrando a saia...
e recordando o seu poeta, que desnudou o Belo naquele verso.
Em seu olhar feminil: um céu azulado; manhã ensolarada
e a abóbada celeste interceptada pela linha do horizonte...
"Ah, foi Deus o meu primeiro professor de trigonometria!"
- Asseverou, impressionada com a imensurável reta secante
tocando diametralmente polos equidistantes da esfera celeste.
Desse enlace entre retas e curvas, viu uma infinidade
de ângulos e vetores subordinados a uma medida escalar,
numa equação de variáveis crescentes e decrescentes,
ou constantes no vaivém das águas: prea-mar, baixa-mar.
(Variável nula, sinal de maré vazante).
Seus seios, dois entumecidos senos, cossecantes da amamentação
(marés cheias mudam a orientação de todo o quadrante).
Lá longe, muito distante, na liberdade do alto-mar,
divisou barquinhos, a navegar, de velas triangulares,
que lembravam os dois catetos e a hipotenusa de Pitágoras
tangenciando as águas sinuosas.
Ondas projetando a mesma sinuosidade do seu corpo enxuto:
secante, cossecante e cotangente se divisavam
na variação angular do seu andar na incidência arenosa
dos raios solares, sob olhares agudos e obtusos,
em trajetórias maliciosamente circulares,
dos analíticos e cartesianos banhistas passeantes.
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Obs.: Inspirado no texto: A praia
De: (*) Takinho
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