O NU NO UNIVERSO TRIGONOMÉTRICO

 

 

"Tudo é poema no íntimo das praias" (*),

disse a moça, tirando a roupa, dobrando a saia...

e recordando o seu poeta, que desnudou o Belo naquele verso.

 

Em seu olhar feminil: um céu azulado; manhã ensolarada

e a abóbada celeste interceptada pela linha do horizonte...

 

"Ah, foi Deus o meu primeiro professor de trigonometria!"

 

- Asseverou, impressionada com a imensurável reta secante

tocando diametralmente polos equidistantes da esfera celeste.

 

Desse enlace entre retas e curvas, viu uma infinidade

de ângulos e vetores subordinados a uma medida escalar,

numa equação de variáveis crescentes e decrescentes,

ou constantes no vaivém das águas: prea-mar, baixa-mar.

(Variável nula, sinal de maré vazante).

 

Seus seios, dois entumecidos senos, cossecantes da amamentação

(marés cheias mudam a orientação de todo o quadrante).

 

Lá longe, muito distante, na liberdade do alto-mar,

divisou barquinhos, a navegar, de velas triangulares,

que lembravam os dois catetos e a hipotenusa de Pitágoras

tangenciando as águas sinuosas.

 

Ondas projetando a mesma sinuosidade do seu corpo enxuto:

secante, cossecante e cotangente se divisavam

na variação angular do seu andar na incidência arenosa

dos raios solares, sob olhares agudos e obtusos,

em trajetórias maliciosamente circulares,

dos analíticos e cartesianos banhistas passeantes.

 

 

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Obs.: Inspirado no texto: A praia

De:    (*) Takinho

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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 25/02/2024
Reeditado em 08/04/2024
Código do texto: T8007238
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